domingo, 15 de junho de 2008

As diferenças são sutis, mas ficamos por aqui...

Neste blog buscamos estudar os grupos de mulheres, perfis diferentes relacionados com as princesas Disney.

Eram dois os grupos: submissas e independentes.

O grande desafio deste trabalho foi definir esses grupos e sair para o trabalho de campo. Estávamos lidando com algo “desconhecido”, não existe um “sindicato das Belas”, ou um “clube de campo para Cinderelas”.

Em entrevista com o psicólogo Arlindo, percebemos que o caminho que usávamos para definir os grupos estava errado: “os grupos separados por princesas continuam a existir, mas não foram criados pela influência delas - como acreditávamos - foram apenas reforçados por isso”. (post de 11 de maio)

Na enquete feita (pesquisa de campo 1) pudemos analisar melhor princesa por princesa e, analisando cada uma delas, perceber suas distinas característcas e das meninas que a elas se identificam, além de termos uma visão um pouco mais específica sobre determinados aspectos de suas respectivas personalidades.

Na pesquisa de campo 2, levamos as princesas ao shopping para observar seu comportamento e assim, termos uma idéia de como elas realmente se parecem com as princesas escolhidas previamente. Como os grupos não são bem definidos, a analise foi feita individualmente ou em pequenos grupos, como no caso do post "Ariel em dobro", mas de qualquer forma, pudemos ter uma noção maior das atitudes de cada garota e relaciona-las com a personalidade marcante das princesas.

Concluindo, alguns traços das princesas puderam realmente ser observados nas mulheres que participaram da pesquisa. Os grupos inicialmente definidos por nós, como submissas ou independentes, se demonstraram presentes, mas não tão relevantes como pensávamos. A diferença entre as independentes, que pensam no futuro e na carreira, bem como em casamento, e as que colocam o romance em primeiro lugar, cuidando mais da aparência e buscando o ‘príncipe encantado’, é sutil, mas existe. Não temos a pretensão de ter esgotado a discussão da influência da princesas na formação de grupos femininos, mas entendemos que as pesquisas feitas até aqui contribuíram para dar início a esse estudo.



Beatriz Jorge e Nara Luiza do Amaral Dias

Para terminar...

Como a Cinderela, é mais difícil encontrar uma menina que se autoproclame Bela Adormecida ou Branca de Neve, porém elas existem!
No limite de fechar este blog elas vieram bater na minha porta, literalmente! Calma, vou explicar,na verdade elas não vieram em minha procura, mas de minha irmã, a Lívia. Vanessa,13 e Bruna,14, são as amizades que minha irmã fez em nosso bairro. Comecei a reparar como elas se comportavam a partir de um ato que me chamou atenção: as duas ficavam olhando enquanto minha irmã jogava no computador(geralmente minha irmã deixa as amigas jogarem, mas essas duas preferiram ficar só olhando!).Depois percebi outros comportamentos semelhantes: minha irmã decidia tudo o que iam fazer (tudo bem, ela pode ser meio mandaona as vezes, mas quando pedia a opinião das outras elas aceitavam e achavam boas as idéias!), quando ousavam sugerir algo e viam que a idéia não seriam muito bem recebida tratavam de mudar de opinião, ou auto-rebaixavam suas idéias(a gente podia dar uma volta lá fora, se bem que acho melhor ficarmos aqui mesmo, não estou com vontade de andar mesmo...), pareciam ter medo de uma reprovação, por isso deixavam minha irmã com a palavra final(a Lívia depois falou que elas são assim mesmo nas casas delas, e também frequentam minha casa há muito tempo, não é por timidez que não impõe suas idéias).
A que mais se parecia com a Branca de Neve, a Vanessa, tendia a mudar e moldar mais sua opinião de acordo com o que as outras meninas achavam e deixou minha irmã fazer chapinha em seus cachos depois dela dizer e da outra concordar que os cabelos lisos eram mais bonitos e estavam mais na moda. Já a Bruna não concordava com tudo que as outras diziam, se continham idéias muito diferentes das suas, como quando minha irmã disse que não gostava de filmes muito melosos em que os casais são extremamente apaixonados e ficam o filme todo grudados e trocando juras de amor. Ela disse que achava isso lindo e que sonhava com um amor assim, o que me fez lembra da Bela Adormecida que tem um lindo sonho com o principe encantado e depois foi confirmado que ERA a Bela Adormecida quando eu perguntei com qual princesa ela mais se identificava.
As duas são muito românticas, pensam em casar e ter filhos. Mas a "Branca de Neve"diz querer terminar os estudos antes e fazer uma faculdade. Ela quer ser professora de primeira a quarta série, enquanto a outra quer fazer moda ou ser atriz.
As duas disseram que ajudavam em casa nos afazeres domésticos e na cozinha (elas se viraram pra fazer a janta em casa e depois fizeram brigadeiro), Vanessa até foi a primeira a ir embora quando a mãe ligou e pediu que ela voltasse para ajudá-la.
Ambas gostam muito de animais, brincaram muito com minha cachorrinha, Millie, (imagem que me recordou as princesas conversando com os animaizinhos da floresta dos filmes).
Apesar de gostar de se arrumar (as duas ficavam experimentando e trocando de roupa com minha irmã e depois se maquiaram) e falar de assuntos como meninos, elas gostam de brincar ainda (de barbie, esconde...)e são até um pouco molecas.
isso mostra que não há um modelo exato de princesa seguido integralmente, mas sim um conjunto de comportamentos semelhantes que fazem cada menina se enquadrar como um ou outro tipo de princesa, mas elas sempre apresentam alguma característica diferente. Não há um perfil que elas seguem para serem identificadas como certa princesa, mas ações e idéias características suas que a fazem parecer com uma delas.


Carolina Marialva

Uma Pocahontas vai às compras...

Ao passear no shopping, dificilmente a gente anda com um estranho. Mas foi justamente isso que tive que fazer: andar pelos corredores, criar coragem e abordar alguma menina assim, do nada. Com uma simples pergunta, cheguei e falei: "Posso te fazer uma pergunta, sob o risco de parecer completamente louca?" E ela: "Sim, claro." Respirei fundo e emendei: "Qual é a sua princesa Disney favorita?" Claro que ela achou que eu era louca, mas respondeu rindo: "Pocahontas!" Graças a Deus, era justamente o que precisava. Uma menina que se identificasse com a princesa de espírito livre.
Acompanhei essa garota, que se chamava Bruna , de 19 anos. Ela me contou que faz Veterinária na FAJ - Faculdade de Jaguariúna. Perguntei porque ela havia escolhido aquele curso e ela respondeu que foi justamente por amar os animais e querer sempre cuidar de cada um deles. Contou-me histórias engraçadas de quando era menina e levava animais de rua para casa, provocando o estress da mãe.
Até aí, achei incrível o fato dela ser parecida nesse aspecto com a princesa com a que mais se identificara, mas talvez tenha sido justamente por isso que ela tenha escolhido essa princesa, ou então esse curso.
Depois de conversarmos mais um pouco, notei que ela observava vitrines de lojas "não de grife", por assim dizer. Perguntei se ela costumava comprar esses tipos de roupas mais caras e, como ja esperava pelo que pude observar, ela disse que não. "Prefiro roupas simples, casuais, sem marcas de grife para mim. Não ligo a mínima para isso". A frase foi anotada mentalmente por mim, já que novamente a característica marcante da princesa em questão aparecia: a simplicidade e o gosto pelo natural.
Logo depois, notei que ela não comprava nada que via, apenas observava. Perguntei o motivo e ela disse que não tinha ido ao shopping com nenhum compromisso, aquilo era apenas um passeio. Retomei o assunto do futuro, perguntando se realmente ela pretendia trabalhar com os animais, ao passo que ela me respondeu: "Adoraria, é realmente um sonho, mas não tenho certeza absoluta de que é isso mesmo que farei para sempre. Às vezes pode surgir outra coisa, quem sabe?". Seria isso uma forma de não ter planos? Uma forma de ter opções para o futuro, ou apenas medo de se comprometer definitivamente com alguma coisa importante? Além disso, notei essa mesma teoria pessoal quando perguntei sobre relacionamentos. Ela me disse que nunca namorou sério na vida. "Nunca me 'amarrei' a ninguém, mas não sei explicar direito o porquê!" (e deu muitas risadinhas envergonhadas...!)
Encerramos a conversa ali, pois ela tinha que voltar para casa para o aniversário de um parente. Mas, pelo que pude observar em todos os momentos, Bruna realmente se portou como Pocahontas, a princesa com a qual mais se identificou, já que em todos os momentos, procurava liberdade, simplicidade e viver da forma mais natural possível - mesmo que isso signifique não ter muitos planos futuros.

Beatriz Jorge

Um dia Bela!

Saraiva. Esse foi o primeiro destino que "as Belas" escolheram e o que mais as assemelha à princesa, o amor pelos livros. Juliana,18 e Giovanna,19, ambas universitárias, a primeira faz Letras na USP e a segunda História na Unicamp e já avisaram no caminho que precisavam comprar alguns livros. As duas estavam usando roupas simples, normais, de dia-a-dia, só a mochila fora trocada por bolsinhas mais delicadas. Elas raramente se produzem para sair, só em festas e eventos especiais ( o que me lembrou muito a princesa que só troca o vestido com avental do dia-a-dia por um exuberante longo dourado para um jantar e dança com a Fera!). No caminho falamos sobre livros, cinema e música, nossos assuntos preferidos, mas também não deixamos de colocar o papo em dia, já que somos amigas há muito,falando de nossas outras amigas, paqueras, estudos...
Chegando ao shopping fomos direto para a Saraiva, elas nem passaram no banheiro para arrumar o visual. Depois de olhar cada canto da livraria, que não é pequena, as estantes de lançamentos, folhar vários livros, dar uma olhada na seção papelaria, que ambas adoram, ouvir algumas faixas dos CD's disponíveis na área de áudio e até dar uma passadinha na área de revistas (as preferidas delas são Caros Amigos e Carta Capital) elas escolheram o que iam levar (mais do que planejaram no início) e foram pagar com seu próprio dinheiro. Essa "passadinha" durou nada menos que 48 minutos! E podiam ficar mais, só não o fizeram porque suas barrigas já estavam roncando, e confesso que a minha também( mas eu não falei nada para não pressioná-las, já que queria deixa-las livres pra poder analisar melhor as garotas).
Juliana é vegetariana, ela nunca comeu muita carne, mas recentemente aderiu essa linha, por isso escolheu uma massa, já Giovanna come de tudo, mas assume que tem uma queda pelo Mc Donald's.Cada uma pegou a comida que preferia mas foi sentar junto numa mesa para comer. O assunto foi que filme iriamos assistir. Juliana gosta mais de filmes "cults" e franceses, Giovanna prefere uma comédia romântica e filmes de ficção, contos de fadas.Porém, as duas se interessaram por um chamado As Crônicas de Nárnia: príncipe Caspian, segundo filme da série de fantasia baseada nos livros de C.S Lewis que as duas já leram. Apesar de gostar de temas históricos, profundos, que façam pensar, que critiquem, elas não escondem o amor pela fantasia: adoram Harry Potter, Desventuras em Série, O Senhor dos Anéis...
Juliana é bem engajada com o movimento estudantil, com temas sociais, é absolutamente contra o maltrato dos animais, está sempre por sentro dos temas sociais; Giovanna, apesar de menos engajada, também tem muito contato com esses temas, ainda mais por estudar no IFCH( Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp , um dos 'centros' dos mais engajados social e culturalmente).As duas são muito ligadas à família, e respeitam muito seus familiares, as vezes ócorre algumas briguinhas entre Giovanna e seu irmão, mas eles são muito amigos e fazem muito um pelo outro, Juliana também tem um bom relacionamento com o irmão,elas são bem do tipo "família" (outra coisa que me lembrou a Bela, que faz tudo pelo pai e o ajuda em seu trabalho). Preferem um programa mais familiar ou até um bom livro do que uma 'balada'. Giovanna principalmente prefere uma reunião de amigos em casa pra ver filme e comer pipoca a ficar dançando em uma boate, no máximo um barzinho calmo onde possa ficar sentada conversando com os amigos ou num restaurante com a família.Juliana é mais liberal, mas prefere programas mais alternativos. Ela adora, nas tardes livres, ir a um cinema perto de seu apartamento onde mora sozinha em São Paulo(as vezes a mãe vai ficar uns dias com ela) que passa filmes antigos do cinema de vários países. Juliana é muito sossegada, a última viagem que fez foi a um retiro espiritual com a mãe, onde meditou, relaxou e entrou muito em contato com a natureza. ela é uma grande defensora do meio ambiente, quando alguém da nossa turma jogava um papel sequer no chão ela fazia voltar, pegar e jogar no lixo, e se a pessoa não fizesse isso, ela ia lá e fazia.Juliana também é muito independente apesar de ligada à família, já Giovanna começou a ser mais recentemente : está morando em Campinas com mais 3 amigas depois de muito lutar, conversar e insistir com o pai, que não aceitava a idéia inicialmente. Elas mantém uma forte relação de companheirismo, confiança e auxilio mútuo com as amigas, elas ajudam sempre que podem e fazem de tudo pelas amigas( desde festas surpresas até ajudar a amiga com pé quebrado a fazer os afazeres e enfrentar problemas familiares) mas também respeitam as meninas que tem estilo e personalidade diferente.Elas não ligam pra roupas de marca, o que ficou evidente no shopping(voltando ao passeio-análise) em que, depois do almoço tivemos um tempo livre até o filme começar e elas decidiram dar uma volta para ver as vitrines. Não tinham muita paciência para as lojas mais conhecidas, preferiram entrar na C&A e Riachuelo procurar uma calça para a Gi que estava precisando mesmo (elas não compram roupas sem necessidade,por extravagância ou futilidade, só quando realmente gostam de alguma ou encontra uma peça diferente).A Ju tem um estilo que chamam as vezes hippie, as vezes "moda praia", com peças leves, simples e confortáveis, mas delicadas. Depois demos mais uma voltinha no shopping, parando quase que exclusivamente nas papelarias e nas lojas de departamentos como nas Americanas onde vimos Cd's e compramos alguns doces para comer no cinema.
Elas adoraram o filme (adoramos na verdade!) mas disseram preferiro livro, que tem muito mais detalhes. A única coisa do filme que era melhor era o ator que interpretava o príncipe Caspian, porém não só a beleza as chamou atenção, mas seu espírito guerreiro e defensor da justiça e igualdade entre os povos do mundo imaginário do filme.Elas também dizem preferir um cara inteligente e bacana a um belo "espécime"masculino. Para elas a aparência importa pouco (apesar de gostarem de um cara bonito), Ju afirmou que já saiu com vários caras que não eram considerados os mais bonitos nem os mais populares da turma, mas que tinham um bom papo e idéias interessantes, para ela o cara mais feio pode se tornar bonito ao seus olhos se for divertido e companheiro.
No final do passeio elas quiseram, confirmando meus pensamentos, voltar ao lugar de início, ou quase...fomos para uma livraria, outra agora, que abriu rexentemento no shopping, a Livraria Cultura. Como conheciam pouco essa decidiram novamente explorar cada canto e subir em todos os andares (3!), ver os livros diferentes e analisar os preços pra ver se eram mais em conta que os da Saraiva.Ficaram maravilhadas com a livraria, que realmente é muito diferente e bonita na minha opinião. Giovanna não resistiu e comprou mais um livro que ela tinha ficado em dúvida na primeira livraria...ela diz que sua verba para livros é ilimitada, outra coisa que adora são os dvd's de Friends (série norte-americana sobre o dia-a-dia de 6 amigos), ela tem quse todos! Juliana prefere ve-los na TV ou baixar os episódios pela internet já que acha os dvd's muito caros, sua série preferida é Lost e Gilmore Girls.Apesar de independentes elas tem seu lado romântico e feminino, ambas querem conhecer um cara legal, casar e constituir família, mas só depois de se estabeleceram financeiramente e terem uma carreira estável.Elas também pensam em escrever um livro se houver oportunidade e se aprofundarem em sua carreira, fazer pesquisa...mas não dispensam a possibilidade, e até mostram vontade, de lecionar.
Depois de mais 32 minutos (dessa vez foi menos!) decidiram tomar milk shake de ovomaltine, preferido das duas, antes de irmos embora.A proveitei a pausa para questioná-las sobre como reagiriam numa situação de risco, como num assalto, elas disseram que teriam bom-senso e não reagiriam, mas Juliana acrescentou que se tivesse alguma criança por perto ou animal que fosse maltratado ela tomaria uma atitude. Quando não está satisfeita ela vai lá e reclama, sem brigar, conversando civilizadamente. Giovanna é mais recatada e tímida, mas tem um grande senso de justiça,tanto que uma vez chegou a pedir para o professor arrumar(baixar) a nota de uma prova que ele tinha contado um ponto a mais!
Na escola as duas eram muito procuradas por outros colegas, Giovanna fazia enormes resumos coletivos de História(contava tudo exatamente como o professor, suas anotações do caderno eram as maiores!); Juliana tirava as dúvidas de matemática(!) e corrigia os erros de português das redações e textos dos colegas.As duas eram aplicadas e não perdiam aula por nada! Até no final do semestre quando a maioria da classe saia das aula pra conversar fora da sala ou comer na cantina as duas ficavam lá dentro, atentas, prestando atenção em tudo, principalmente a Ju ( mas aceitavam, as vezes, repassar alguns bilhetes no meio da aula ).
As duas atualmente estão solteiras, mas buscam um relacionamento sério e estável, apesar de adimitir que não ia sobrar muito tempo devido à grande exigência da faculdade.Elas afirmam que não iam deixar homem nenhum mandar em suas vidas e que não deixariam de fazer suas atividades nem de sair com os amigos se o namorado mandasse, alias, ordem elas não aceitariam de forma alguma!
já estava ficando tarde e elas tinham que ir embora para aproveitar o resto do final de semana com a família, já que domingo a noite voltariam pra suas casas, uma em São Paulo, outra em campinas, para voltar à rotina agitada da semana, ainda mais nesse final de semestre!As duas voltaram falando dos trabalhos que tinham que fazer, e apesar de cansadas, já iriam começar naquele dia mesmo!Afinal, tem que se esforçar se querem, como a Bela real canta em uma de suas canções "mais que a vida no interior".

Carolina Marialva

E a Mulan?


Bom... Eu passei o dia com uma garota chamada Liane, que acabou de fazer 19 anos e diz gostar muito da Mulan.

Inicialmente nós fomos ao cinema, assistir um filme. Ela disse que assistia de tudo, menos de terror, pois não gostava de sentir medo (porque, para ela, o medo a inibia). Assim que vimos o filme, ela pediu para sairmos do shopping e irmos comer em algum lugar diferente, pois ela não gostava de ficar “presa” em apenas um lugar, que adora sair e quando sai, gosta de ir a vários lugares diferentes.

Ela é descendente de japoneses, e talvez por esse motivo, nós fomos a um restaurante japonês (ficou meio carinho, mas estava delicioso, huahauahuahau). Enquanto comíamos, conversamos sobre várias coisas. Descobri que ela passou por várias dificuldades recentemente, mas que não se recorda delas como um momento de fraqueza, mas sim, como momentos em que ela realmente percebeu o quanto ela precisa ser forte na vida, não só por ela, mas por sua família e amigos também.

Ela me contou que em sua família há algumas pessoas que são um pouco “tradicionais” e que muitas vezes a repreenderam dizendo que “isso uma mulher não deveria fazer” ou “isso é o que toda mulher deve saber fazer”, e comentou “eu não cozinho porque a tradição diz que toda mulher deve saber cozinhar para satisfazer o marido e os filhos. Eu cozinho porque gosto e pronto!”. Assim que comemos, fomos andar por uma avenida movimentada de Jundiaí e depois paramos em uma sorveteria para conversar melhor.

Enquanto tomávamos sorvete, perguntei por que ela gostava da Mulan, e ela me disse o seguinte “eu sei que a Mulan é chinesa e eu japonesa, mas mesmo assim, ela é a única representante oriental que a Disney fez. Sem contar que ela passa por tantas dificuldades durante o desenho, e ela as enfrenta sem hesitar. E eu gosto do jeito espontâneo e extrovertido dela. Ás vezes gostaria de ser um pouco mais forte, como ela foi no desenho... Aaaah! E ela dá um pau nos homens!” (sinceramente, adorei esse ultimo comentário dela, hauahauhaua).

Depois que tomamos o sorvete, ela pegou o carro e fomos dar uma volta de carro por Jundiaí. Enquanto dirigia, sempre que parávamos em algum semáforo e ela via algum garoto “bonitinho”, ela se olhava no retrovisor para se certificar que estava “apresentável” e ainda comentava “nossa! Olha que lindinho aquele menino!” e depois fazia alguma gracinha ou algum comentário para darmos risada. Ela, no final se mostrou uma menina bem vaidosa, mas ao mesmo tempo bem descontraída. No final, fomos até a casa dela e eu vi que seu quarto é cheio de "lembranças" de amigos, bichinhos "fofos" e fotos de familiares.

O dia foi bem divertido e percebi que ela é uma pessoa muito ligada a família e aos amigos. Gosta de estar sempre na companhia de alguém e parece se esforçar em ser alguém forte na vida para enfrentar as dificuldades que ela sabe que apareceram em sua vida. E, apesar dos pesares, prefere sempre mostrar um sorriso no rosto.
Fabiane Zambelli de Pontes

Um pouco de Jasmim


Agora, que tal um pouco de Jasmim para variar?
Estudei o comportamento de 2 "Jasmins" no shopping. Elas haviam saído juntas para comprar um presente de aniversário para uma amiga.
E eu confesso, o mais engraçado é que eu as encontrei por acaso. Esbarrei com elas em diferentes momentos, conversei um pouco e, somente por curiosidade, perguntei se elas haviam assistido algum filme das Princesas Disney e se sim, de qual gostavam mais. Pois bem... As 2 responderam a Jasmim!
Os nomes das "integrantes da dupla" eram; Luiza de 19 anos e Nathália de 18.
A terceira vez que eu as encontrei, foi nas lojas Americanas, na fila para o caixa.

Assim que me responderam, perguntei se elas se importariam se eu as acompanhasse pelo shopping, já que eu estava sozinha. Ambas responderam positivamente, sem hesitar.
Um detalhe interessante deste primeiro encontro foi que as duas discutiam o espaço apertado que as Lojas Americanas do Maxi Shopping de Jundiaí deixavam para a fila. Que elas se sentiam sufocadas e presas ali, que deveria ter um espaço mais aberto, para deixar os compradores mais “livres” e a vontade.
O passeio foi divertido. Elas tinham um bom humor contagiante e adoravam falar sobre viagens que gostariam de fazer pelo mundo. Elas me disseram que ambas, além de estudarem (Luiza faz Engenharia Ambiental na USP e Nathália faz Ciências Sociais na UFSCAR), trabalhavam desde os 15 e 16 anos e que, apesar do cansaço e do pouco tempo que tinham para si mesmas, adoravam a independência financeira que tinham (odiavam depender do dinheiro dos pais).

Percebi que, durante o passeio, elas evitavam entrar em lojas que sabiam que eram caras e pechinchavam o máximo possível na hora de pagar algo. E algo curioso que eu percebi, é que os pais de ambas eram empresários.
Quando perguntei sobre o dinheiro dos pais delas, se as pessoas não as julgavam pelo dinheiro que a família tinha, a Luiza respondeu: “Sempre julgam... Mas ai nós dizemos o seguinte para essas pessoas: Nós duas nos temos orgulho de nossos pais e do trabalho deles. E não do dinheiro que eles conseguiram...”.
Na hora de comprar o presente, elas entraram na loja Indiana que tem no shopping. E quando eu perguntei se elas queriam ajuda para procurar algo para a amiga (se elas já tivessem idéia do que queriam comprar, poderiam me dizer que eu ajudava a procurar). Elas agradeceram, mas disseram que nem elas mesmas sabiam o que iam dar. Que haviam entrado naquela loja porque sabiam que ali havia coisas lindas e diferentes para dar à amiga. E disseram que sempre que vão dar um presente para alguém, elas preferem dar algo totalmente diferente e de “caráter único”, para que sempre se lembrem que aquele presente foi delas, e que presentes, são as únicas compras que elas fazem sem se importarem com o preço, “pois é o valor não financeiro que conta, mesmo que isso doa em nossos bolsos”, brincou a Nathalia.

E somente para não perder o "ar investigativo como integrante deste blog", eu perguntei porque elas gostavam da Jasmim. A Nathalia respondeu que ela era uma princesa diferente, não era "branquinha" como as outras e apesar de ter dinheiro não era fresca. Sem contar que ela andava em um tapete voador com o Aladin (comentário da Luiza sobre esse detalhe: "Ah, perfeito né? Além de poder voar livre por ai, ela voava ao lado de um gato que nem o Aladin! Pena que isso só exista em Contos de Fada, né?"). A Luiza respondeu algo parecido também. Ela disse que gostava da Jasmim porque ela conseguia ficar livre e provar que ela era muito mais do que a "princesa, filha do sultão". Ela mostra que ela també é um ser humano que deseja um amor verdadeiro, a felicidade, a liberdade e a independência.
O dia terminou com a gente tomando um café, de frente para uma grande parede de vidro, observando o céu e com ambas dizendo que se pudessem pedir algo, pediriam asas ou a mesma liberdade que um pássaro tem. (nossa... eu fiquei extremamente surpresa em como essas duas se pareciam, tinham praticamente os mesmos ideais e anseios...).


Fabiane Zambelli de Pontes

Ariel em dobro!

Depois de analisarmos a Ariel no shopping, como será que ela se comporta em grupo? Ou melhor, na presença de outra Ariel?
Já é difícil encontrar alguém que escolhesse esta como a sua princesa favorita, pois uma de suas características é ser diferente (ela é meio peixe!) .
Duas gostavam tanto da Bela (de “A Bela e a Fera”) quanto da pequena sereia, então foram elas que me fizeram companhia ontem.
Vou chamá-las de Maria, de 19 anos, e Bianca, de 17.
Passei com Bianca a tarde, conheço sua casa e como é a rotina lá dentro. Ela tem dois irmãos de 12 anos, gêmeos. Sua relação com eles é a melhor possível. Apesar de briguinhas naturais de irmãos, é perceptível que se amam e gostam de ficar perto uns dos outros.
Já seus pais, são muito gentis, e cuidam muito bem dos filhos. É possível ver alguma semelhança deles com Tritão (pai de Ariel), pois são bem preocupados com seus filhos, que tem que abrir espaço para conseguir alguma liberdade. Bianca só pôde fazer uma conta de Orkut recentemente, e ontem comentava que só agora seus pais a deixam mais solta para sair com os amigos a noite: “também, já tenho quase 18 anos!”, ela disse. Também comentou que por ser mulher, sente que sofre mais cuidados que os irmãos.
Os pais de Bianca têm um mercadinho, onde ela ajudava até recentemente, quando conseguiu trabalho em uma firma em Jundiaí. Diz que o trabalho é fácil, mas qualquer errinho pode acarretar em uma multa alta para a empresa, então deve prestar muita atenção no que faz. Trabalhar fora e estudar a noite, em ano de vestibular, não tem sido uma tarefa fácil, e o cansaço é bem visível no seu rosto. Mas ela explica que guarda o dinheiro para ajudar a pagar a faculdade, caso não consiga passar em uma pública.
Maria cursa o segundo ano de Farmácia na USP, curso integral. Tem um irmão de 22 anos, com quem se dá muito bem, a ponto de sair com ele e os amigos em baladas. Seus pais são mais liberais que os de Bianca, mas Maria tem 19 anos, então é difícil comparar as duas situações precisamente.
No shopping, elas se deram muito bem, não tive problemas para fazê-las conversar. As duas estavam arrumadas, mas nada muito exagerado. Bianca, que passou a tarde comigo antes de ir ao shopping, foi com a roupa que estava mesmo. Maria chegou atrasada, lembrando um pouco a Ariel.
Nós fomos com um grupo grande, ao cinema. O filme escolhido foi uma comédia: “Jogo de amor em Las Vegas”. Depois do filme, demos uma volta no shopping, mas não chegamos a ver nenhuma vitrine, apenas conversamos. Logo elas enjoaram de ficar por lá, Maria sugeriu irmos a uma lanchonete, mas Bianca tinha que voltar para casa, pois já eram mais de 11 horas, e não nos acompanhou.
Na lanchonete, Maria comeu bem, e conversamos até quase 1 e 30, quando voltamos para casa.
Perguntei para Maria se ela queria se casar e ter filhos. Ela repondeu: “casar não. Porque eu acho que não precisa de um papel pra provar alguma coisa. Ter filhos, hoje eu não imagino, mas eu gosto de crianças, então sei lá..”
Bianca achou a pergunta engraçada, pois sabia que eu estudava sua semelhança com uma princesa, e respondeu, brincando (o que lembrou muito o jeito divertido de Ariel): ai meu Deus! (risos) Olha! penso em casar com um príncipe, que não precisa ser necessariamente de olhos azuis e vir de cavalo branco - nem de navio (risos). Mas precisa ter aquele encanto que sempre tem em filmes de princesas da Disney.Quero ter uns dois ou três, que teriam nomes de: Ana Luiza, Luiza, Julia ou Isabella. E menino de...não pensei ainda! (risos)
Maria, quando criança, brincava de Policia e Ladrão, Pega-pega, Esconde-esconde, Pique bandeira e patins, com o irmão mais velho e os amigos de rua. Perguntei se gostava de boneca, e ela disse que as vezes brincava de Barbie. Bianca nunca gostou de brincar de boneca, e sua brincadeira favorita era pular corda.
Numa situação de risco que eu propus casualmente no meio da conversa, Maria agiria deste jeito: “gritaria com certeza.. E se não travasse ia tirar (a criança da situação), sei lá...” O fato é que ela nunca passou por nenhuma situação perigosa, então é difícil imaginar como agiria. Bianca nunca passou por nada assim também. Disse que tentaria ajudar, mas é difícil saber.
A interação delas com o grupo que nos acompanhou ao shopping foi extrovertida e natural. Quase não paravam de falar! As risadas foram constantes perto destas princesas, muito agitadas e “espoletas”.
As duas são independentes e extrovertidas, trabalham e/ou estudam, se dão bem com a família. O casamento não é prioridade em suas vidas, e mesmo que esperem apaixonar-se mais para frente, acreditam que a vida é muito mais do que encontrar o príncipe encantado
.


Nara Luiza do Amaral Dias

Ariel no shopping

Analisando a personalidade da “Ariel” pude notar que adora estar bonita, mas não fica olhando no espelho toda hora para ver se está tudo “no lugar”. Para nosso passeio ao shopping se arrumou uma vez e pronto!

Ela se demonstrou muito autêntica. Parava nas lojas que mais a agradava olhava as vitrines, falava do que gostava, fez até um comentário: “não sei como essa roupa tão feia pode ser tão cara e tantas pessoas terem vontade de comprar”. Contudo era educada e perguntava se eu estava de acordo. Parava nas lojas, porém não ficou dando voltas no shopping, disse que prefere ir quando tem um objetivo e não enrolar muito. Pude notar que seu perfil é de alguém que abusa de muita liberdade. Não compramos nada, mas ela me mostrou várias coisas de que comprou e diz que seus familiares e namorado não gostaram, porém não deixou de adquirir.

Ela disse que estava com fome então fomos comer. Quando percebi que ela queria escolher o que comer, perguntei se havia algum lugar que ela comia sempre. Ela respondeu que não, cada vez que vai a um passeio procura algo diferente, exceto o sundae, que não pode faltar segunda ela.

Já havia analisado seu comportamento em outra ocasião e analisei que ela gosta de incentivar as pessoas a fazer o que deve ser feito. Não tem vergonha diante da sala de aula por exemplo e seu relacionamento - ela namora- é dinâmico. Ela não é romântica ou prática demais, é as duas coisas.
Carol Carvalho

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Cinderela em extinção!!!

O perfil cinderela foi meio difícil de ser encontrado para a pesquisa de campo. Nenhuma menina afirma gostar plenamente da Cinderela, mas se pesquisadas mais minuciosamente, muitas das que disseram não se identificar com a cinderela, possuem personalidades muito parecidas com esta personagem Disney. Nesta pesquisa minuciosa, já citada acima, levei uma "cinderela" ao shopping. Lá passamos a tarde toda, pude analisar como ela se comportava em relação a várias coisas.

A primeira atitude, que pude notar na nossa "cinderela", foi que antes de ir ao shopping ela se arrumou intensamente, penteou o cabelo muitas vezes no caminho. Isso é uma característica forte dela, como ela mesmo me confirmou. Sempre gosta de sair "perfeita".

Durante o nosso passeio no shopping ela parou muitas vezes para olhar as vitrines. Engraçado! A cinderela era bem pobre e não podia se vestir bem, porém quando teve a oportunidade ficou linda, com roupas muito bonitas. Depois desse comentário diria que nossa "cinderela" também gosta muito de se vestir bem. Parava nas vitrines e ficava admirada com as roupas, roupas comportadas comparadas às usadas por meninas da idade dela, 17 anos.

Depois de rodarmos o shopping todo fomos comer. Achei engraçado a indecisão dela. Ficou esperando minha decisão sobre o que comeria, para me acompanhar e comer o mesmo.

Na conversa, após o almoço pude perceber, que ela estava anciosa, parecia se incomodar em ter que passar a tarde comigo que, aliás, reparava em tudo que ela fazia.

Pensei em encerrar nosso passeio, mas insisti e resolvi convidá-la para ir ao cinema. Ela aceitou e escolheu o filme: TrÊs vezes amor.
Uma comédia romântica, na qual um homem em processo de divorcio, começa a contar para a sua filha seus romances e relembrar suas histórias de amor. Ele se apaixonou por três mulheres durante sua vida, diferentes entre si. Vai contando a tragetória de sua vida e a filha se encantando com suas histórias de amor. Durante o filme ela chegou a comentar que sonha encontrar a pessoa certa, e que quer muito se casar.

Saímos do cinema e resolvemos ir embora... O dia pareceu-me muito proveitoso, porém, não consegui saber qual seria sua reação numa situação de risco, se perguntasse a resposta poderia não ser espontânea.

Enfim, apesar de não se auto declarar "Cinderela", ela mostrou-se muito parecida com essa princesa Disney.

Natasha Fernandes






quinta-feira, 22 de maio de 2008

Uma nova análise sob outros olhares

Vamos tentar fazer uma análise mais aprofundada do resultado da pesquisa de campo, usando os dados que obtemos e que foram publicados no penúltimo post. Aqui, agora, tentaremos fazer uma análise da personalidade das princesas e, conseqüentemente, das meninas que se identificam com cada uma delas. Assim, poderemos ter uma visão mais clara a respeito dos grupos que são formados, consciente ou inconscientemente, pelas meninas. É claro que nem todas elas obrigatoriamente se identificam com alguma princesa, mas o que queremos analisar é justamente as que obtêm uma identificação seja pela história, pelas atitudes ou pela personalidade.


Bela (Bela e a Fera)

Todas as meninas que se identificam com ela querem se casar, ter filhos, ter sucesso em suas atividades, ser feliz, ter um marido que as respeite e atenda a suas expectativas e necessidades.
De acordo com a história da Bela, ela procura por sua independência a partir do momento em que decide se casar com quem ela quiser, indo contra as vontades do pai. Isso demonstra uma certa independência, talvez um pouco de rebeldia, por não acatar a um desejo do pai. Talvez as meninas se identifiquem com essa "rebeldia", ou independência, essa atitude de querer viver sua própria vida da forma que lhes convêm.


Branca de Neve

É submissa a partir do momento em que fica cuidando da casa enquanto os setes anõezinhos saem para trabalhar. Sonha em ser feliz ao lado de um príncipe que lhe tiraria daquela vida. Em um determinado momento, quando o príncipe a beija, ela desperta para a vida. Talvez isso seja apenas o momento mágico em que a princesa encontra seu amado, ou talvez seja algo mais profundo, demonstrando que ela despertou de sua condição para viver uma vida mais feliz. As meninas que se identificam com ela procuram uma espécie de salvador que lhes tire de uma condição não muito agradável. Não que essas meninas vivam da mesma forma que a princesa. Mas às vezes, as condições desagradáveis podem ser no aspecto psicológico, emocional. Talvez elas estejam vivendo suas vidas de uma forma enquanto querem mesmo vive-la de outra forma, da forma que lhes parece ser mais agradável.


Ariel

É a mais rebelde de todas as princesas. Não dá ouvidos às ordens do pai e faz o que bem entende. Tem um certo problema com autoridade. Não respeita limites. Ainda assim, procura ser feliz da forma que lhe convém e fazer de sua vida o que lhe interessa. As meninas que se identificam com ela são aquelas meninas que apresentam um espírito rebelde, que não se conformam com o que lhes é imposto. Gostam de agir de forma independente. Mesmo que não hajam de forma mais independente, elas pensam dessa forma. Se não são capazes de se "rebelarem" contra algo, seja por consciência ou instinto, mantém o desejo de se destacar dentro de si, reprimindo um pouco suas vontades de fazer algo de forma diferente. Mas isso não significa que sejam conformistas. Apenas sabem o momento certo para ceder.


Cinderela

Ela é submissa, uma vez que acata todas as ordens que as madrastas lhe dão. Surge uma oportunidade em forma de fada madrinha e Cinderela a aproveita muito bem, pedindo para ir ao baile. Lá, conhece um príncipe, que no final lhe tira daquela vida que antes levava. Mais uma vez o príncipe é o herói, o salvador que tira as princesas de situações desagradáveis. Eles são vistos como a verdadeira chance do "felizes para sempre". As meninas que se identificam com ela sonham em ter sucesso profissional e pessoal, ao lado de um marido que tenha atitude e personalidade, além de ser companheiro, fiel e que transmita segurança. Ou seja, elas procuram a felicidade ao lado de uma pessoa amada, que possa transmitir-lhes o que elas mais desejam encontrar para seus futuros. Tentam, de certa forma, encontrar alguém que lhes preencham esses anseios.


Jasmim

Ela também se enquadra na lista de princesas que têm um certo espírito rebelde. Não gosta de acatar as ordens do pai. Aparenta não se importar com bens materiais e procura simplicidade. Gosta de ter uma certa independência. As meninas que se identificam com ela procuram esta independência, um futuro estável que lhes agrade, um marido que seja bonito, surpreendente e que as faça feliz. Notamos que, pela primeira vez, o quesito beleza aparece na escolha do “príncipe”, o que não significa que as meninas que se identifiquem com ela sejam superficiais, apenas que classificaram a beleza como um atributo de valor equivalente aos outros “pré-requisitos” levados em consideração na hora de escolher um namorado.


Mulan

Mulher de espírito inquieto, ela parte para uma batalha, vestida de guerreiro, no lugar do pai. Em determinado momento, ela assume sua verdadeira identidade ao se mostrar mulher perante todo o exército. Isso pode ser um sinal claro de afirmação, já que, para a sociedade, ela não era muito “qualificada” para ser esposa e dona de casa. O fato dela se afirmar como mulher pode dar a idéia de coragem, já que naquele momento, essa virtude foi muito necessária. As meninas que se identificam com Mulan, procuram um namorado que se identifiquem com sua personalidade, ou seja, talvez elas procurem rapazes que também sejam corajosos e tomem atitudes sábias quando necessário, que façam o que julgarem necessário para lutarem por seus ideais e pelo que acreditam. Essas meninas procuram também por mudanças, que tragam benefícios para si mesmas ou para quem as rodeia. Todas elas querem constituir família, ter sucesso profissional e viajar, o que também pode ser um sinal de que elas desejam explorar as possibilidades futuras, conhecer o, até então, desconhecido (como ocorre com a princesa a partir do momento em que ela decide ir para a guerra).


Pocahontas

Ela tem um espírito livre, gosta da natureza, das plantas e animais que a cercam. É aventureira e dedicada a promover harmonia ao seu redor. As meninas que se identificam com ela têm um espírito livre e mente aberta. São meninas que gostam de viver suas vidas como lhes convém e seguir seus instintos em todos os momentos. Além disso, o fato de uma das entrevistadas não ter definido o que quer para seu futuro, pode demonstrar o medo de se comprometer com uma idéia futura, ou simplesmente o não planejamento dele, o que por sua vez indicaria que essa menina quer viver um dia de cada vez e esperar para ver aonde a vida lhe levará, talvez exemplificando a personalidade aventureira da princesa.

No próximo post, iremos explicar a realização da pesquisa de campo número 2, na qual iremos ao shopping com as “princesas” para analisar seus comportamentos e atitudes no meio social.

Até o próximo post!

Beatriz Jorge.

domingo, 11 de maio de 2008

O que diz a psicologia?

Fomos atrás da opinião de um psicólogo para descobrir qual a verdadeira influência das princesas Disney na personalidade das crianças e qual seu papel na formação de grupos femininos. Como já explicado neste blog, nossa teoria era a de que as princesas acabavam por formar ou mulheres submissas ou independentes, e que estas mulheres se aproximavam de outras influenciadas pelas mesmas princesas.
Qual nossa surpresa quando nos deparamos com um novo ponto de vista sobre o caminho real de influências. Para o professor e psicólogo Arlindo Ferreira Gonçalves Júnior, o que ocorre na verdade é que as princesas Disney já foram criadas para atingir os diferentes públicos alvos, e as meninas se identificam e “consomem” as princesas de acordo com sua personalidade já moldada. Esta personalidade é o que irá aproximá-las de meninas com as mesmas idéias e atitudes, com o mesmo arquétipo – e que, por este motivo, tem a mesma ‘princesa Disney favorita’. Esta aproximação reforça a personalidade inicial da menina.
Os grupos separados por princesas continuam a existir, mas não foram criados pela influência delas - como acreditávamos - foram apenas reforçados por isso.
Outra descoberta interessante foi sobre os contos de fada em geral. Mais especificamente sobre o “felizes para sempre”. O que tem de errado nesta frase?
Segundo Arlindo, “todas estas historias recuperam algo de essencial na figura feminina, que se refere a esta passagem da menina para mulher, e que envolve todos os medos da menina que se torna mulher e a negação deste novo papel que ira assumir na sociedade (para o homem esta passagem não é natural, existe um ritual de passagem, mas para a mulher é natural, e existe o medo do amadurecimento).
A própria idéia do amor como salvação, o ‘viveram felizes para sempre’, já é uma juventude eternizada – ela eterniza isso para não ter que lidar como todo o ônus da fase adulta”.

Em todos os contos existe o amor platônico.
“De acordo com a psicanálise, o maior medo da menina é o da vivencia sexual, tanto é que esses amores são ideais, com que ela não tem contato. O contato carnal é a grande proibição e o grande medo. E recusar-se a casar com aquele a que foi prometida é a manifestação deste medo, projetando um amor ideal e platônico, que termina no ‘felizes para sempre’, sem antes se concretizar realmente. É a consagração da menina que não amadurece. É o mito da perpetua inocência. E todas as princesas são desdobramentos deste mito original.”

Mas se você analisa a Cinderela e a Ariel, por exemplo, percebe que elas são bem diferentes.
“Elas tem a mesma essência. Mas tem mecanismos diferentes para lidar com a mesma situação – a fase de transição do ser infantil pra o ser adulto.
Elas escolhem caminhos para não se transformar em mulher.”

Outra idéia que aparece é a do amor como salvação.
“Salvação do que? Exatamente deste estado conflituoso da passagem para o ser adulto. Neste sentido, o amor funciona como uma mortificação. Por isso que é platônico. O amor platônico só se realiza na morte. Quando Platão descreve o amor, ele vai dizer que quem ama, ama não o outro propriamente dito, mas este outro que é uma mera recordação do amor ideal.
(..)
A beleza eterna , perfeita, é o objeto do amor por excelência para Platão, e isso só pode se realizar idealmente. Em termos psicológicos, o amor platônico é sempre uma patologia, o outro é sempre um ser incessível. Você constrói um altar ideal e coloca este outro neste altar incessível.”

Então o amor platônico é um mecanismo de defesa que impede a criança de se tornar mulher. E quando ela supera essa barreira?
“Quando as pessoas passam a ser reais. E esta é a grande questão, desde Romeu e Julieta. Você não sabe que fim eles levaram, não os vê envelhecendo. Ao envelhecer eles estão amadurecendo e entrando em contato com o outro real. O problema disso é que o outro real sempre vai me dissuadir dos meus ideais, e eu terei que sofrer. Existe uma regra máxima na psicologia: você não cresce sem sofrer. E neste caso o desvio deste sofrimento esta exatamente nesta idealização, neste amor perfeito.”

Você cresce quando deixa de acreditar em contos de fadas?
“Basicamente sim... Infelizmente nós temos que deixar de acreditar em algumas coisas. E não é só isso, nos crescemos quando fazemos um luto simbólico sobre determinadas etapas.”

Arlindo explica que são três os grandes lutos:
-Quando vamos à escola, e deixamos de receber os privilégios que temos em casa;
-Quando deixamos nossos amigos, deixamos de pertencer a um grupo com o qual nos identificamos - geralmente isto acontece no período da universidade, quando deixamos para trás o grupo do colegial e entramos em grupos com diferentes relações;
-Quando deixamos a casa dos pais.

A passagem por esses rompimentos e a experiência do luto são importantes para a formação da personalidade.
Continuar com as expectativas e ideais da infância na vida adulta representa algum problema no seu desenvolvimento psicológico. Sua personalidade não esta amadurecida. Isso é um fator negativo. Mas não é de um dia para outro que você vai se emancipar.

Analisando as fichas da enquete, Arlindo percebeu que a maioria das mulheres que responderam espera se casar. E que o perfil do marido/namorado é sempre ideal – tem que ser o resultado de qualidades ideais. O problema é quando isso se distancia muito das pessoas reais. Ninguém é como essas mulheres descreveram. Agora, por que eles projetam isso? Por que elas tem dificuldade de se entender realísticamente. Elas se projetam no ideal do conto de fadas.

Mas buscar o ideal não te leva mais longe?
“Te leva mais longe de si mesma. O caminho para o amadurecimento é ir ao encontro de si mesma.”


Indicação de leitura, por Arlindo :
Psicanálise dos contos de fada - Bruno Bettelhein


Nara Luiza do Amaral Dias

terça-feira, 29 de abril de 2008

Enquete

Conforme prometido em nosso último post, aqui está o novo, com os dados da nossa enquete. Ela foi feita com trinta mulheres do Centro de Linguagem e Comunicação (CLC) da Puc-Campinas.

Na pesquisa podemos verificar que a Bela (e a Fera) foi a princesa com quem as entrevistadas mais se identificaram. Nove das meninas a escolheram.

As características do príncipe para essas garotas são ser engraçado , inteligente, companheiro, ter caráter, simpatia, ser batalhador, sincero e respeitoso. Todas querem ter filhos e se casar. Outra característica em comum entre elas é querer alcançar sucesso profissional e pessoal (ser feliz). Em relação à religião há uma espírita, uma protestante e as outras são católicas.

As mulheres que se identificam com a Branca de Neve (06) acham que seu príncipe tem que ter honestidade, caráter, bom humor, charme, ser fiel, carinhoso, companheiro, preocupado, respeitador e houve uma que disse que seu príncipe tem que ser “desencanado”. Uma delas não quer ter filhos, as outras cinco querem. As mulheres deste grupo querem trabalhar na área do curso que fazem, ter um futuro confortável, proporcionado por esse trabalho. Querem reconhecimento e orgulho. Serem felizes também. Quanto à religião, uma diz que participa de umbanda, duas participam de espiritismo e três de catolicismo.

O príncipe das quatro mulheres do grupo que escolheu Ariel, tem que ter simpatia, inteligência, caráter, personalidade compatível e beleza. Uma das mulheres não quer se casar nem ter filhos por enquanto, as outras querem. Duas são católicas e duas disseram que não tem religião.

Quatro mulheres na nossa enquete se identificaram com a Cinderela. Para elas o príncipe encantado tem que ter personalidade, atitude, confiança, segurança, ser educado, fiel, companheiro, tem de dividir a vida e os sonhos. Tem que ser um bom ser humano. Todas querem ter filhos. Em relação ao futuro, essas mulheres querem ter boa profissão e família. Uma quer terminar a faculdade em Londres. Todas querem ser felizes. Uma entrevistada deste grupo diz não acreditar em Deus e as outras acreditam na igreja católica.

Jasmim, Mulan e Pocahontas empataram na quantidade de afinidade. Duas mulheres se identificaram com cada uma das três.

O príncipe das garotas que dizem ter afinidade com a Jasmim deve ser inteligente, saber conversar, fazer rir, apresentar beleza a primeira vista e surpreender. Uma delas diz que quer ter filhos mas não quer casar. A outra diz que quer se casar mas não sabe se quer ter filhos. As duas querem ser felizes, terminar a faculdade encontrar um bom emprego e ser independentes. Uma delas é católica e a outra acredita em Deus mas diz não ter religião.

Para as duas que se identificaram com a Mulan o príncipe tem que ter afinidade com a personalidade delas, ter hábitos parecidos, ser educado, culto, ter diálogo. Querem ter filhos, boa profissão, estudar e viajar. Uma é kardecista e a outra católica.

Pocahontas. Para as mulheres deste grupo o príncipe deve ser gente boa, inteligente, companheiro, bonito e amoroso. Quanto a filhos, uma das entrevistadas quer ter filhos a outra não, porém quer se casar. Uma delas é judaica e outra é agnóstica.

Somente uma dentre as nossas entrevistadas se identificou com a Bela adormecida. Ela disse que seu príncipe tem que ser atencioso e inteligente. Pensa em ter filhos. Quer ter uma boa profissão e é católica.

Carol Carvalho



sexta-feira, 25 de abril de 2008

Trabalho de Campo: Perfil das Mulheres

A partir de agora faremos uma pesquisa de campo. Vamos entrevistar diferentes grupos de mulheres e observar o cotidiano delas. A intenção é perceber se de alguma maneira essas mulheres foram na infância e adolescência influenciadas pelas princesas Disney e se a influência se manteve na vida adulta.

Nas entrevistas serão feitas perguntas sobre a vida de cada uma delas, o perfil de homem que gostam, a profissão e como escolheram a carreira, seus hobbys e esportes preferidos, etc, e isso nos mostrará o comportamento de cada mulher. No final da enquete será feita uma pergunta direta: qual sua princesa Disney favorita? (Caso a mulher não conheça todas as histórias vamos lhe entregar um resumo de cada uma).
Com isso poderemos perceber se as respostas dadas pela entrevistada se assemelham com a princesa preferida dela.

Depois faremos uma observação do cotidiano de diferentes perfis de mulheres, para confirmar se elas realmente têm relação com sua princesa favorita.

Após a enquete e os dados obtidos por nosso grupo, levaremos essas informações a um profissional da área de psicologia, que nos ajudará a chegar numa conclusão de como as mulheres são influenciadas pelas histórias das princesas e qual a explicação psicológica para que isso aconteça.

No próximo post já colocaremos alguns resultados das entrevistas e das observações do grupo.


Natasha Fernandes

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Ariel, Bela, Jasmin, Mulan e Pocahontas


Agora, farei um post dedicado às princesas que faltavam: Ariel, Bela, Jasmin, Mulan e Pocahontas! Mas, antes de analisá-las e compará-las com as mulheres do mundo real, vou fazer um breve resumo da história de cada uma, para que você, meu caro leitor, possa conhecer melhor essas 5 Princesas Disney.

Era uma vez, uma princesa chamada...


... Ariel! Ela era a filha mais nova do grande Rei dos mares, Tritão. A princesinha sereia sempre sonhava em um dia ir para o mundo da superfície, mas seu pai sempre a proibia. Um dia, ela se apaixonou por um lindo humano, chamado Eric. Desobedecendo ao seu pai (como sempre), ela deixou o mundo do mar e foi atrás de seu amado. Envolveu-se com uma com uma bruxa má, Úrsula, para conseguir o que queria. Por causa desse envolvimento, ela quase perdeu seu amado e seu pai para a bruxa. Ariel enfrenta Úrsula sem medo e a derrota (para salvar seu pai e amado principe), com a ajuda de Eric (o qual aparece SOMENTE no final da luta para ajudar). Ela consegue se casar com seu amado e tudo acaba com um “viveram felizes para sempre”!
Alguns “dados” sobre “A Pequena Sereia”: o desenho foi feito em 1989. A princesinha, diferente das princesas comentadas no post anterior, é uma Sereia de cabelos ruivos. É uma princesa de temperamento forte, desobediente, que não se prende ao status de “filha do rei”, gosta de ser independente (gosta de resolver tudo, inclusive seus erros, por si mesma) e apesar de ter uma bela voz e ser a mais bela do fundo do mar, ela não se interessa e nem se importa com isso (não coloca a sua beleza exterior e dom acima de tudo).
... Bela! Ela era a filha de humilde comerciante. Um dia, seu pai, voltando de uma viagem, parou no jardim de castelo e colheu uma rosa vermelha e linda para sua filha. A Fera furiosa saiu de dentro do castelo e o tornou seu servo por causa da rosa. Ele volta para avisar sua filha que não poderia mais ficar em casa e explica o porquê. Bela, não pôde deixar que isso acontecesse ao pai e insistiu (até convencê-lo, pois ela era muito teimosa) para que ele a levasse em seu lugar. A Fera concordar em ter Bela ao invés do mercador e o manda embora para casa. Os dias passam no castelo, Bela descobre que Fera é um ser muito amável e gentil (mesmo feio por fora, é lindo por dentro), e os dois acabam se apaixonando. É ai que aparece o egocêntrico e belo (só por fora) Gaston, que queria a linda Bela para si e tenta matar a Fera. A Fera o mata, mas fica gravemente ferida. No desespero em curá-lo, Bela o beija e a “feiosa” Fera se transforma em um belo príncipe e, mais uma vez, tudo acaba em um “viveram felizes para sempre”!
Alguns “dados” sobre “A Bela e a Fera”: Bela, assim como a Cinderela, não começa como uma princesa, ela torna uma quando se casa com o príncipe. E, diferente de todas as demais, ADORA ler! Ela é uma princesa teimosa, humilde, destemida (ela se “sacrifica” pelo pai, mesmo pensando nas conseqüências! Assume os riscos), criativa, vê e se importa mais com a beleza interior do que a exterior das pessoas, e apesar de ser a mais bela de toda a região, Bela não se importava com isso! E... é claro, ela deu um fora (hahahahahaha!) no cara mais “lindo” do lugar (porém egocêntrico e metido), afinal ela não gostava da personalidade de Gaston e não seguia a “tendência das mocinhas do desenho”, que era se apaixonar por homens lindos, fortes e populares (vai contra a “corrente”).

... Jasmin! Ela era a única filha do Sultão. Seu pai queria que ela se casasse, mas ela vivia descartando os pretendes que ele arranjava (queria casar-se por amor e não por obrigação). A "rebelde" princesa amava seu pai, mas não suportava viver dentro do castelo, ainda mais sendo obrigada a casar. Sentia-se presa e queria sair para conhecer o seu povo. Como ninguém permitia que ela saísse, ela fuge do castelo e encontra o ladrão Aladin (ladrão porque era pobre e precisava roubar comida para sobreviver), por quem se apaixona. Aladin consegue se transformar em príncipe com a ajuda do Gênio e conquista a mão da princesa em casamento. No começo ela o evita, acreditando ser mais um esnobe príncipe (de ínicio, ela não sabia que ele era o seu amado Aladin). Ela descobre quem ele é de verdade e aceita se casar. Mas o malvado vizir, Jafar, que queria se casar com a princesa para possuir o trono, estraga tudo. É Jasmin quem o enfrenta (mesmo como prisioneira) e o distrai (na verdade, ela o engana) para que Aladin o derrote. No final, Jafar é aprisionado e Aladin e Jasmim conseguem o seu “viveram felizes para sempre”!

Alguns “dados” sobre “Aladin” (aqui, estou sempre colocando o nome do desenho ao qual cada princesa pertence): Jasmin, diferente de todas as demais, é uma princesa árabe, com a cor da pele mais escura. Ela gosta de escolher o que a lhe interessa (não gosta que decidam o seu destino e nem o que deve ou não fazer... Gosta de fazer e decidir as coisas por si mesma), é bondosa, de gênio forte, não se interessa pelo dinheiro e nem poder, prefere uma vida simples e feliz do que uma vida “presa” em um castelo, é determinada, corajosa (afinal, ela conseguiu BEIJAR aquele NOJENTO do Jafar, para ajudar Aladin a derrotá-lo. Eca!), decidida, faz de tudo por aquilo que quer e por quem ama, é bondosa, não fica esperando pelo “príncipe encantado”, e mesmo sendo a mais linda, não ligava para isso (preferia seus princípios do que sua aparência e status).

... Mulan! Ela era a única filha de um casal humilde chinês. Mulan vivia com seu pai, sua mãe e sua avó. Um dia, precisava ir à casamenteira do povoado, mas como era meio “moleca”, atrapalhada, distraída (coisas que uma mulher na China antiga não poderia ser), acaba se atrasando para o teste. Tudo dá errado e ela é reprovada (não “serve” para ser uma esposa). Quando chega em casa, fica triste por ter se tornado uma “desonra” para a família. Logo depois, o seu pai é convocado para a guerra. Mulan tenta interferir, mas por ser uma mulher, não pode ir no lugar do pai (os homens eram mais “valorizados” do que as mulheres) e por interferir, é considerada, realmente, uma desonra pelo pai. Com medo que aconteça o pior ao seu pai (velho e debilitado) e inconformada por não poder substituí-lo, Mulan corta seus longos cabelos, veste a armadura do pai e vai á guerra. Lá ela passa por enormes dificuldades tentando se passar por homem e ser tão boa quanto os companheiros na arte da luta. Mulan torna-se “o melhor guerreiro” e acaba se apaixonando por seu capitão, por causa dessa paixão, acaba (sem querer) se revelando como mulher. É humilhada e deixada para trás. No final, quando o inimigo invade o castelo e seqüestra o Imperador da China, é ela quem o salva, derrota o inimigo, recebe os “tesouros” do Imperador como agradecimento e é reverenciada por TODOS (inclusive pelo próprio Imperador). No final, ela volta para casa, recupera a honra da família e tem, com seu capitão, o seu “viveram felizes para sempre”!

Alguns “dados” sobre “Mulan”: Mulan também é diferente das demais princesas, é a primeira e única princesa Chinesa, com a pele meio amarelada e olhos bem puxados. (e ela é a única que não é REALMENTE uma princesa, mas é considera uma das “Princesas Disney”). Ela é “rebelde”, fugia da sociedade tradicional (não admitia aquela tradição, indo contra a cultura da sua sociedade na época e se tornando diferente das demais garotas chinesas). É corajosa, valente, não espera que tudo aconteça (ela FAZ tudo acontecer), supera seus obstáculos e suas dificuldades, prova que as mulheres são muito mais do que os chineses achavam ser, e é ela quem toma, sempre, os primeiros passos (inclusive no relacionamento amoroso, hahahaha). “A flor que desabrocha na diversidade certamente e a mais bela!” (fala do pai da Mulan).

... Pocahontas! Ela era a única filha do grande Chefe de sua tribo. Um dia, seu pai disse que ela se casaria com o grande guerreiro Kocoum. Pocahontas se recusa a fazer isso, pois, apesar de ele ser um bom índio, ela não o amava. Ela sai da tribo para pensar e vai até a avó Willow (uma velha árvore com quem conversava) para pedir conselhos. Então, ela avista um navio chegando em suas terras e vai ver o que é. E encontra o belo europeu John Smith, se apaixonando por ele. John, um “assassino de selvagens” também acaba por se apaixonar pela princesa indígena. Ela lhe mostra tudo o que a natureza tem a oferecer (é uma princesa de espírito livre). Kocoum os vê junto e tenta matar John, mas quem acaba morto é Kocoum. A tribo de Pocahontas aprisiona John, para matá-lo ao nascer do sol. O grupo de John é ludibriado pelo ganancioso nobre Ratcliff (que comandava a expedição) e vai ao encontro da tribo. Haveria uma chacina, uma guerra entre “selvagens” e “civilizados” ao nascer do sol. Pocahontas aparece para salvar John e interfere na briga. Usando suas palavras e coragem, ela consegue impedir a guerra e gerar a paz entre os dois grupos. Ratcliff, não satisfeito, atira no pai de Pocahontas, mas John o salva, levando a bala no seu lugar. Para ser salvo e medicado corretamente, John é levado de volta para a europa e Pocahontas fica com o seu povo. Os dois se separam, aguardando que um dia se reencontrem e possam ter o seu “viveram felizes para sempre”!

Alguns “dados” sobre “Pocahontas”: Pocahontas é totalmente diferente das outras princesas também, é uma indígena (“selvagem” como os europeus chamam no desenho) de pele escura, meio avermelhada. É uma garota “selvagem”, que não gosta de seguir as regras que lhe impõem. Não admitia se casar sem amor. Seguia sua vida escutando seu coração e os espíritos do vento (que representavam a natureza), para ela tudo tinha vida. É linda (mas não liga para isso), independente, livre, corajosa e pertinente. Não se conformava fácil, pensava que sempre havia algo para fazer para solucionar um problema, nada estava perdido por completo e nada era complicado demais (não descansou até impedir a guerra). Ela via a essência das pessoas e da floresta ao seu redor (não se prendia a aparência).


Finalmente, vamos começar a “analise”, ou melhor, a comparação entre essas cinco adoráveis e admiráveis princesas com as mulheres do nosso mundo real.

Como podem ver, essas princesas representam aquelas mulheres mais “independentes”, que não ficam esperando o seu “viveram felizes para sempre” acontecer, elas o FAZEM acontecer (repare, caro leitor, que não estou afirmando que assim sejam TODAS as mulheres que as escolhem como heroínas, mas sim, que elas representam um perfil de mulher presente no mundo rela).

Para que não pense que eu, ou melhor, que nosso grupo está sendo etnocêntrista, explico, a partir de já, que no momento estamos apenas dando uma “introdução” a você dos nosso objetos de estudo e oferecendo uma breve demonstração do motivo que nos levou a escolher esta comparação (Princesas Disney e Mulheres Reais).

Há diversos perfis de mulheres pelo mundo, e aqueles perfis parecidos se “simpatizam” entre si, criando grupos de mulheres com características diferentes dos demais. E o perfil ou grupo feminino (se assim você preferir) que estou mostrando aqui, usando essas princesas como base, é o de mulheres que se consideram livres e independentes, que precisam ser protegidas o tempo todo por seus amados, que escolhem seus companheiros pelo o que são e pelo o que sentem por eles e não pela aparência e status. São aquelas que dinheiro e poder não é tudo, mas se precisar desses dois subsídios, os conseguirá por si mesmas e não por outros (ou por “heranças”). São, também, aquelas mulheres de aparências e culturas “diferentes” dos padrões estipulados pela estética social, que não se importam de ser de “raças” diferentes da maioria. Não se deixam ser subjugadas por suas diferenças e nem pelo seu sexo. Adoram provar sua força e capacidade.

Eis aqui, um perfil de mulher!

No próximo post, você poderá ver “enquetes” com várias mulheres (de diferentes idades, raças, jeitos e opiniões), para que possa observar, junto com nosso grupo, um perfil especifico para grupos femininos que possuem uma única princesa Disney como “heroína”.

Se você está curioso, ou quer entender melhor como e o porquê faremos essas enquetes, basta somente esperar pelo próximo post que alguma colega minha (do grupo) fará.

Desculpe pela bíblia aqui escrita e espero que tenha aproveitado (e gostado também) da leitura!

Fontes:

  • http://disney.br.tripod.com/priscila/id16
  • http://www.contandohistoria.com/amigosdisney

Fabiane Zambelli de Pontes

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Branca de Neve, Cinderela e Bela Adormecida




Dedicarei esse post a três das oito princesas Disney: Branca de Neve, Cinderela e Bela Adormecida (Aurora). Essas três princesas são estereotipadas como boa moça, submissas e que sempre ficam à espera do príncipe encantado. Não são exemplos a serem seguidos pelas crianças, pois hoje em dia nada nos é dado nas mãos, príncipes encantados não existem e a submissão não é mais dever das mulheres.

Branca de Neve foi a primeira princesa criada por Walt Disney, em 1937. Branca de Neve provocou a ira de sua madrasta, quando foi considerada a mulher mais bonita, e a partir daí viu-se ameaçada e resolveu fugir. Escondeu-se na casa de sete anões, e lá foi muito bem recebida, pois lavava, cozinhava, limpava e fazia de tudo naquela casa. A inocência de Branca de Neve a fez cair no plano da malvada madrasta, comendo uma maçã envenenada, que a fez cair em sono profundo. Como já era de se imaginar foi salva por um príncipe encantado, com um beijo e foi FELIZ PARA SEMPRE.

Cinderela era uma menina muito pobre, porém muito bonita (mais um estereótipo Disney). Era feita de escrava pela madrasta e as filhas dela, Cinderela lavava, cozinhava, limpava, passava, enfim fazia tudo. Um dia ia ter um grande baile, e Cinderela queria muito ir, mas ainda tinha afazeres domésticos a terminar. De repente aparece uma fada madrinha para transformá-la em “princesa”, com carruagem, vestido de cetim, sapatinho de cristal... Cinderela dança a noite toda com o príncipe e na hora de ir embora sai correndo e perde seu sapatinho na escadaria do castelo. O príncipe procurou muito pela dona do sapatinho, até chegar a Cinderela. O príncipe a pediu em casamento e viveram FELIZES PARA SEMPRE.

Aurora veio alegrar a casa dos pais, era uma linda princesinha. Três fadas madrinhas foram visitar aurora, uma a presenteou com sua beleza, a outra com uma linda voz e a terceira não pode presenteá-la, pois foi interrompida pela Bruxa do Mal, que jogou uma maldição em Aurora: no dia que ela completasse 16 anos espetaria o dedo e morreria. A terceira fada tentou atenuar a maldição e disse que Aurora não morreria, mas dormiria profundamente e só poderia ser salva por um príncipe encantado. (Mais uma vez o príncipe salva a vida de uma princesa, elas vivem em função da espera por um príncipe encantado). A maldição se realizou como havia prometido a bruxa má, mas o príncipe a salvou (que coincidência com as outras histórias!). Eles se casaram e viveram FELIZES PARA SEMPRE.

Nas três histórias contadas acima um príncipe salva as princesas, e eles são felizes para sempre juntos. Isso poderia ser muito bom para as crianças, um conto de fadas que as levam a crer que a vida é sempre fácil e boa. Mas por isso mesmo é prejudicial, nada na nossa realidade acontece como em contos de fadas: príncipes não nos salvam, não nos transformamos de meras donas de casa em princesas maravilhosas e nem sempre seremos felizes para sempre...
Essas histórias mostram realidades surreais, que dificilmente vão acontecer com as mulheres. Por isso são ruins como influência para as crianças.


Natasha Fernandes

sexta-feira, 28 de março de 2008

Influências

Começaremos por descrever o perfil de cada Princesa. Mas antes gostariamos de apresentar e discutir um trecho de uma matéria de comportamento da revista Veja que fala sobre essa influência que as Princesas têm sobre as meninas desde a infância.

“(...)A moda princesinha cresce sem parar desde 2001, quando o americano Andy Mooney, o chefe da divisão de produtos de consumo da Disney, notou meninas vestidas de princesa na platéia de um espetáculo de patinação no gelo. Mooney percebeu que havia um público potencial para personagens de contos de fadas e lançou um pacote com oito bonecas de princesas (custam, em média, 75 reais). "O gosto pelas princesas é inerente às meninas", disse Mooney a VEJA. "Elas adoram os finais felizes e pensam que são princesas de verdade.(...)

(...)Algumas feministas – americanas, naturalmente – preocupam-se com conceitos retrógrados que possam ser transmitidos pelas bonequinhas. Branca de Neve, em especial, surgiu num desenho animado de 1937. O modelo feminino da época era o da menina prendada, sem grandes iniciativas e cujo principal atributo era a beleza. As meninas deveriam ser guardadas em casa até ser escolhidas por um príncipe encantado. Preocupam-se à toa. No pacote Disney há princesas para todos os gostos e temperamentos. Branca de Neve, Aurora (Bela Adormecida), Cinderela são do tipo tradicional, à espera do Príncipe Encantado. Mas a chinesa Mulan se veste de homem para ir à guerra em defesa do reino e a sereia Ariel tem comportamento independente, tipicamente moderno.

O modismo das princesas se deve, de certa forma, a sua conexão com valores e sentimentos que as mulheres já trazem consigo. "O romantismo e a vaidade são valores femininos, que independem da época ou do lugar em que a mulher vive", diz a psicóloga Sara Kislanov, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. A fase princesa começa por volta dos 3 anos. Nessa idade, a criança fica encantada pelo mundo mágico, embora já saiba distinguir a realidade da ficção. "As meninas não se perguntam sobre o que é ser princesa ou acreditam que, se brincarem tantas vezes disso, se tornarão uma", diz a pedagoga Leni Vieira Dornelles, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. "O importante é terem a possibilidade de brincar e interagir com amigos e com a magia que só a brincadeira possui." A fase princesa mais intensa se prolonga até os 6 ou 8 anos, quando os interesses da criança começam a mudar. As princesas então se despedem junto com o Papai Noel e o coelho da Páscoa.”

(A matéria na integra está no site http://veja.abril.com.br/280207/p_096.shtml )

Ignorando o aspecto publicitário da matéria(que divulga mais produtos do que fala sobre comportamento), temos uma parte bem interessante nos dois últimos parágrafos que reforçam a pertinência de nosso trabalho. Como se pode ver, não fomos as primeiras a pensar dessa forma (e pensamos que nossa idéia seria inédita!), feministas, por exemplo, também se preocupavam com a influência das princesas sobre as crianças. Principalmente da influência negativa no comportamento dessas meninas, causadas pelas Princesas mais submissas, sem opinião, prendadas (fazendo transparecer o machismo da sociedade nos desenhos animados) e “bobinhas”.

As Princesas representavam o ideal de mulher instituido pela sociedade e, também, eram alvo de admiração das meninas, que, como é dito na matéria, adoram os finais felizes e pensam que são reais. Assim, para se tornarem algum dia felizes, bonitas e encontrarem o príncipe encantado, tinham que ser como as Princesas, aderindo seu comportamento. Isso se reflete então, no modo como se vestem, agem, pois acham que assim se tornarão princesas; e é fator importante na determinação de valores que estão sendo desenvolvidos nessa fase de crescimento.

Porém a influência não fica, como muitos pensavam, restrita à negativa. As primeiras Princesas eram, sim, submissas e acomodadas, sempre vítimas que precisavam ser resgatadas pelo seu príncipe, destinado unicamente a ela. Mas a história começa a mudar com o aparecimento de Princesas como Ariel, a famosa Pequena Sereia, em 1989 e posteriormente Bela, Jasmin, Pocahontas e Mulan. Todas são donas de um comportamente mais “rebelde” (no bom sentido da palavra), são corajosas, conscientes, ou seja, são personagens mais fortes, com mais personalidade.

A medida que vão se tornando mais velhas, o interesse das meninas pelas Princesas passa a diminuir, e elas encontram novos ídolos. Porém, seu comportamento já foi levemente moldado, e o grupo de meninas com quem se identifica já foi definido (geralmente com ideais e comporatamentos semelhantes) e ele reflete uma personalidade típica de algumas dessas princesas. Dentro de um grupo, as meninas refletem características e comportamentos de algum dos tipos de Princesas: das mais submissas, delicadas e prendadas ou das mais valentes, com opinião forte e independentes. E são esse grupos que iremos caracterizar, discutir e contrapor em nosso trabalho.

Carolina Marialva