sexta-feira, 28 de março de 2008

Influências

Começaremos por descrever o perfil de cada Princesa. Mas antes gostariamos de apresentar e discutir um trecho de uma matéria de comportamento da revista Veja que fala sobre essa influência que as Princesas têm sobre as meninas desde a infância.

“(...)A moda princesinha cresce sem parar desde 2001, quando o americano Andy Mooney, o chefe da divisão de produtos de consumo da Disney, notou meninas vestidas de princesa na platéia de um espetáculo de patinação no gelo. Mooney percebeu que havia um público potencial para personagens de contos de fadas e lançou um pacote com oito bonecas de princesas (custam, em média, 75 reais). "O gosto pelas princesas é inerente às meninas", disse Mooney a VEJA. "Elas adoram os finais felizes e pensam que são princesas de verdade.(...)

(...)Algumas feministas – americanas, naturalmente – preocupam-se com conceitos retrógrados que possam ser transmitidos pelas bonequinhas. Branca de Neve, em especial, surgiu num desenho animado de 1937. O modelo feminino da época era o da menina prendada, sem grandes iniciativas e cujo principal atributo era a beleza. As meninas deveriam ser guardadas em casa até ser escolhidas por um príncipe encantado. Preocupam-se à toa. No pacote Disney há princesas para todos os gostos e temperamentos. Branca de Neve, Aurora (Bela Adormecida), Cinderela são do tipo tradicional, à espera do Príncipe Encantado. Mas a chinesa Mulan se veste de homem para ir à guerra em defesa do reino e a sereia Ariel tem comportamento independente, tipicamente moderno.

O modismo das princesas se deve, de certa forma, a sua conexão com valores e sentimentos que as mulheres já trazem consigo. "O romantismo e a vaidade são valores femininos, que independem da época ou do lugar em que a mulher vive", diz a psicóloga Sara Kislanov, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. A fase princesa começa por volta dos 3 anos. Nessa idade, a criança fica encantada pelo mundo mágico, embora já saiba distinguir a realidade da ficção. "As meninas não se perguntam sobre o que é ser princesa ou acreditam que, se brincarem tantas vezes disso, se tornarão uma", diz a pedagoga Leni Vieira Dornelles, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. "O importante é terem a possibilidade de brincar e interagir com amigos e com a magia que só a brincadeira possui." A fase princesa mais intensa se prolonga até os 6 ou 8 anos, quando os interesses da criança começam a mudar. As princesas então se despedem junto com o Papai Noel e o coelho da Páscoa.”

(A matéria na integra está no site http://veja.abril.com.br/280207/p_096.shtml )

Ignorando o aspecto publicitário da matéria(que divulga mais produtos do que fala sobre comportamento), temos uma parte bem interessante nos dois últimos parágrafos que reforçam a pertinência de nosso trabalho. Como se pode ver, não fomos as primeiras a pensar dessa forma (e pensamos que nossa idéia seria inédita!), feministas, por exemplo, também se preocupavam com a influência das princesas sobre as crianças. Principalmente da influência negativa no comportamento dessas meninas, causadas pelas Princesas mais submissas, sem opinião, prendadas (fazendo transparecer o machismo da sociedade nos desenhos animados) e “bobinhas”.

As Princesas representavam o ideal de mulher instituido pela sociedade e, também, eram alvo de admiração das meninas, que, como é dito na matéria, adoram os finais felizes e pensam que são reais. Assim, para se tornarem algum dia felizes, bonitas e encontrarem o príncipe encantado, tinham que ser como as Princesas, aderindo seu comportamento. Isso se reflete então, no modo como se vestem, agem, pois acham que assim se tornarão princesas; e é fator importante na determinação de valores que estão sendo desenvolvidos nessa fase de crescimento.

Porém a influência não fica, como muitos pensavam, restrita à negativa. As primeiras Princesas eram, sim, submissas e acomodadas, sempre vítimas que precisavam ser resgatadas pelo seu príncipe, destinado unicamente a ela. Mas a história começa a mudar com o aparecimento de Princesas como Ariel, a famosa Pequena Sereia, em 1989 e posteriormente Bela, Jasmin, Pocahontas e Mulan. Todas são donas de um comportamente mais “rebelde” (no bom sentido da palavra), são corajosas, conscientes, ou seja, são personagens mais fortes, com mais personalidade.

A medida que vão se tornando mais velhas, o interesse das meninas pelas Princesas passa a diminuir, e elas encontram novos ídolos. Porém, seu comportamento já foi levemente moldado, e o grupo de meninas com quem se identifica já foi definido (geralmente com ideais e comporatamentos semelhantes) e ele reflete uma personalidade típica de algumas dessas princesas. Dentro de um grupo, as meninas refletem características e comportamentos de algum dos tipos de Princesas: das mais submissas, delicadas e prendadas ou das mais valentes, com opinião forte e independentes. E são esse grupos que iremos caracterizar, discutir e contrapor em nosso trabalho.

Carolina Marialva

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